Acerca do ensino de inglês a crianças pequenas (young learners)

São os pais que tomam decisões em relação à educação dos seus filhos. No que respeita ao ensino oficial, a autoestrada está pronta e à disposição. Alguém se encarregou da planificação pedagógica, com o pespaldo do Ministério da Educação. E os professores e educadores executam esses planos o melhor que sabem. Todos acreditamos que esse é o melhor caminho para os nossos filhos, do infantário à universidade. Os pais pouco questionam ou interferem nesse percurso, igual para todos.

Há outros caminhos que parecem secundários em relação à autoestrada oficial, mas que podem melhorar muito o processo educacional. São as chamadas atividades extra-curriculares: música, dança, desporto, etc. Aqui se inclui a aprendizagem de uma segunda língua. No contexto atual, a língua extra considerada a mais importante em quase todo o mundo é o inglês.
Algumas destas atividades implicam dispêndio de tempo e dinheiro. Por isso os pais terão de fazer opções.

Para os pais que acham ser importante que os filhos dominem bem a língua inglesa no futuro (e para tal há que iniciar essa aprendizagem o mais cedo possível) apresentamos a seguir a nossa opinião acerca de várias questões relacionadas com o ensino e aprendizagem de uma segunda língua a crianças. Espero que essa informação seja esclarecedora.

 

Quando não há um contexto natural que permita aprender mais do que uma língua no dia a dia (como falámos no ponto anterior) é preciso criar um ambiente específico. Um espaço (muitas vezes é a escola), material de apoio que ajude a aprendizagem (livros, imagens, vídeos, áudios, etc.) e pessoas especializadas que planifiquem e orientem esse ensino (professores). É a chamada aprendizagem em contexto escolar. E como normalmente o tempo disponível para o ensino/aprendizagem é limitado (muitas vezes uma vez por semana) há a necessidade de um trabalho constante de sistematização, revisão, consolidação.
Em Portugal a aprendizagem da língua inglesa no plano do ensino oficial inicia-se no 3º ano do 1º Ciclo. É bom, mas se pudesse ser muito antes, seria melhor.

Quanto mais cedo melhor, mas como precisamos que os alunos tirem partido dos necessários materiais de apoio e compreendam facilmente algumas instruções importantes, achamos que a aprendizagem de uma segunda língua se deve iniciar por volta dos 3-4 anos (embora possa depender de criança para criança). No fundo concordamos com a maior parte dos especialistas, incluindo Donoghue: 3 anos.

De modo nenhum, embora esta seja uma questão levantada muitas vezes pelos pais.
O cérebro não é um saco com capacidade limitada. É um músculointeligente e de grande adaptabilidade, que tem potencialidades impressionantes. Aliás, ainda estamos longe de conhecer todas essas potencialidades. A criança não se confunde! Por isso não têm fundamento frases do género: “primeiro deixem a criança aprender bem português, depois é que pode começar a aprender outra língua, para não se baralhar”. Conhecemos vários alunos no IF (imigrantes) que dominam pelo menos três línguas: a língua do país de origem, o português e o inglês (que estão a aprender na escola e no IF). Com isso, ganharam grande flexibilidade mental.

Professores
Em primeiro lugar é preciso ter em conta que ensinar uma segunda língua a crianças não é tarefa fácil. Não basta saber inglês, é preciso saber ensinar inglês a crianças pequenas. Se não queremos apenas entreter ou divertir as crianças, se queremos mesmo ensinar, só um trabalho bem feito poderá dar frutos mais tarde. E isso requer especialização e experiência. Felizmente que a professora responsável pela orientação pedagógica do IFinho (prof.ª Michelle) tem uma pós-graduação no ensino de inglês a crianças (Universidade de Manchester), para além de uma enorme experiência.
Método
O método que usamos é muito idêntico ao que os pais usaram (e continuam a usar) para ensinar português aos seus filhos. Falam para os filhos ainda no colo, sempre em português, mesmo que eles não respondam. Insistem, porque sabem que essa comunicação um dia vai dar frutos.
Ou seja: a oralidade é muito importante, de preferência em situações práticas ou que motivem as crianças. Sabemos que a criança vai ouvir muito, vai entender cada vez mais, mas terá uma tendência para falar português. É a chamada “lei do menor esforço”, que demora tempo a ser combatida. Muitas vezes limita-se a simplificar as respostas com “yes” ou “no”, mas temos de insistir, insistir sempre. Um dia (tal como na língua materna) as crianças começarão a falar inglês quase de repente. Precisamos é de ter paciência. E os pais precisam de ter confiança.
Planificação

Não podemos “ir andando” sem rumo, temos de evitar um certo caos linguístico. É preciso uma planificação pedagógica cuidada: o que queremos ensinar e como vamos ensinar. A planificação global e objetivos a atingir está à responsabilidade da profª Michelle. A planificação específica de cada aula é feita por cada professor.

O TPR (Total Physical Response) é um método de pedagogia dinâmica que utiliza a mímica e o corpo para ensinar uma língua nova a crianças, com realce para o vocabulário e verbos de ação. No IF usamos muito este método (entre outros) sobretudo com crianças muito novas, a quem não é possível o suporte da escrita (Pre-school, IFinho A e B).

Como surgiu o TPR
O método TPR foi criado por James Asher: observando a mãe/pai quando comunica com o filho nos primeiros anos de vida. E como a criança vai aprendendo uma língua (código linguístico) para poder comunicar com sons organizados. Aprender a falar é um processo lento.

Nos primeiros anos, os pais comunicam com os filhos usando “linguagem corporal”: com mímica, com o corpo. Integram o vocabulário nessas ações. Não dizem “isto é uma bola” mas apontam e dizem “dá-me a bola”. A criança dá a bola, interage com actos e não com palavras. Embora “recebendo” a linguagem por completo, vai retendo palavras soltas, associando neste caso o som ‘bola’ ao objecto. Ou seja, a criança ainda não fala corretamente, mas faz o que lhe pedem. E a comunicação faz-se, com a criança a interiorizar a língua lentamente. Assim se aprende a falar.

Como se usa esse método na sala de aula
Um professor de inglês faz o mesmo que os pais ao tentar ensinar uma língua nova aos seus pequenos alunos. Por exemplo: começa por dizer a palavra “jump” ou a frase “look at the board” e demonstra a ação. Depois pede aos alunos para fazerem o mesmo. Depois de várias repetições o professor tenta que os alunos repitam as palavras/expressões enquanto actuam. Quando já tiverem absorvido as novas palavras ou frases, é a altura do professor tentar que pratiquem uns com os outros: um a um ou com o grupo. Sempre que possível pede-se aos alunos para se levantarem, para que saiam da sua zona de conforto.

Uma canção (ferramenta muito usada com crianças pequenas) quase sempre permite o uso deste método, pois na sua maioria a letra está associada a verbos de ação ou a palavras ligadas ao corpo ou que facilmente podem ser introduzidas em processos de mímica (roupas, cores, partes do corpo, objetos da sala de aula, etc.).

O método TPR pode ser usado de diversas maneiras e com múltiplos fins: depende do professor, dos objectivos pedagógicos a atingir, dos alunos. E (porque não?) é um modo dos pais continuarem casa a aprendizagem feita na sala de aula. No fundo, basta tentarem fazer com o inglês o que fizeram quando se esforçaram para que os seus filhos bebés aprendessem português…

A.P. (adapt.) 

Há muitos conteúdos que são apresentados nas aulas e que poderão posteriormente ser usados em casa, de preferência com a ajuda dos pais. Por exemplo: histórias, audios, canções, vídeos, etc. Esses conteúdos estarão disponíveis numa plataforma sediada no IFonline. O acesso deve ser feito com password individual. Os pais serão devidamente informados acerca dessa plataforma e do modo como os seus filhos poderão tirar benefício dela. Todos os conteúdos estão relacionados com as aulas. Ou seja, dão sequência às aulas, por isso chamámos a essa plataforma Follow-Up.

Não é fácil os pais saberem se os seus filhos estão a evoluir, a menos que se limite a aprendizagem a meros conjuntos de palavras: números, cores, objectos. Sem menosprezar o vabulário ou processos motivacionais, queremos sobretudo ensinar a falar, por isso é importante transmitir aos pais a evolução dos alunos ao nível da oralidade e da compreensão oral. Ou seja, precisamos de transmitir aos pais se ao nosso ensino está a corresponder a evolução e aprendizagem que esperamos de cada aluno. Por isso estaremos sempre disponíveis para atender os pais, e faremos uma reunião quando acharmos conveniente.